23 Arrumando as Malas. Destino: Copacabana Palace. Por Rafael.

Eu não sou muito bom com as palavras, por isso apenas vou falar e peço a Atre que de um nexo as minhas palavras, que as encaixe em frase que contem a vocês a minha viagem.
Estávamos juntos há dois anos, um daqueles amores que temos certeza são de outras vidas.
Num exame de rotina descobrimos que ela estava doente... Que tinha pouco tempo de vida.
Num esforço sobre humano tentamos de tudo pra descobrir uma forma de mantê-la viva, fosse uma cura, fosse um milagre, fosse enganando a morte.
Mas foi tudo em vão... A doença só avançava.
Tínhamos tantos planos para um futuro que jamais viria.
Carreira, filhos, sonhos... Entre esses sonhos estava uma viagem.
Ela sonhava em conhecer o Rio de Janeiro (morávamos numa cidade próxima, mas nenhum dos dois nunca tinha ido ao Rio).
Um dos sonhos dela era conhecer o Copacabana Palace. Era um sonho quase infantil...rs.....Colecionava fotos dos artistas que se hospedavam lá.
Prometi a ela que quando fizéssemos cinqüenta anos de casados nós deixaríamos os filhos e netos cuidando um dos outros e iríamos passar pelo menos um fim de semana como os ASTROS que se hospedavam lá.
Mas os cinqüenta anos não chegariam... Os filhos e netos não viriam e então, como última prova de amor eu decidi realizar pelo menos esse sonho dela.
Não era uma viagem barata, mesmo que fosse apenas um fim de semana.
Vendi meu carro e consegui o carro de um amigo emprestado pra viagem.
Chegamos no sábado pela manhã...O sol era forte, o cheiro da brisa do mar no ar...
Fizemos tudo lentamente, pois ela tinha dificuldades em se locomover, mas o seu sorriso era o de uma criança numa manhã de Natal em volta da árvore.
Rodamos a orla marítima... Às vezes parávamos pra caminhar um pouco na areia, molhar os pés na água do mar de algumas praias da cidade maravilhosa.
Ao chegar ao Copacabana Palace ela chorou e eu a carreguei nos braços pra dentro do hotel.
O quarto tinha vista pro mar. Jantamos no restaurante Cipriani, que fica no hotel. Pedimos Carpaccio do Cipriani com beringela, alcaparras e parmesão de entrada, tomamos um creme de cenoura e amêndoa ao perfume de currye depois comemos risotto con noci pecan e formaggio Brie e depois ficamos horas ouvindo música no Piano bar. No domingo comemos salada de bacalhau e robalo com crocante de laranja de entrada e depois crustráceos sautées com crème de favas perfumadas com alecrim. Lembro-me do cardápio como se fosse hoje, ainda sinto os aromas.
Não bebemos por causa dos remédios dela, mas nem precisava....Estávamos embriagados de amor.
Durante o fim de semana nós andamos descalços na areia da praia de Copacabana, rimos, comemos, fizemos amor...VIVEMOS e não pensamos na morte que era iminente.
Seis meses depois ela morreu.
A última coisa que me disse foi “lembra do fim de semana no Rio de Janeiro? Você me fez a mulher mais feliz do mundo”.
Eu voltei ao Rio depois da morte dela pra ir ao Pão de Açúcar, ao Cristo Redentor... Lugares que ela gostaria de ter ido, mas não teve forçar pra conhecer e ali, diante do Cristo eu agradeci por ter podido ter esse amor por cada hora que ela esteve comigo... Momentos tão intensos que eu podia descrever aqui cada um dos 60 min. de cada uma dessas horas.
E em cada uma delas, ao final eu diria OBRIGADO.
*
O texto me foi enviado por Rafael... Essa é a única informação que ele me deu sobre ele. Disse que não tem blog, que apenas queria aproveitar a oportunidade pra poder dividir conosco a viagem de amor... E por amor dele.
Encontrei na internet um site onde tem um TOUR virtual pelo Copacabana Palace...Se você quiser conhecer clic AQUI.

E a única coisa que a minha emoção ao postar as palavras dele me permitem dizer no momento é “obrigada”...